"Não existe golpe de WhatsApp", diz Mourão em entrevista à Rádio CDN

Foto: Rian Lacerda (Diário)

Em visita a Santa Maria nesta quarta-feira (30), o senador Hamilton Mourão (Republicanos) anunciou a destinação de uma emenda parlamentar no valor de R$ 500 mil para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do município. Em entrevista à rádio CDN 93.5FM, o ex-vice-presidente também comentou temas nacionais e internacionais, como tarifas dos EUA sobre o Brasil, anistia aos atos de 8 de janeiro, eleições de 2026, críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro e à narrativa de golpe.

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Pedidos feitos pelo prefeito Rodrigo Decimo

Durante a entrevista, Mourão relatou que, além da visita à APAE, também esteve reunido com o prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (PSDB), para tratar de demandas do município:

— Apresentou uma demanda importante, que é a recuperação daquela área do Guarani Atlântico, que seria fundamental aí. Então, é um projeto que achei muito interessante, tem um valor talvez um pouco elevado para uma emenda individual, mas eu acho que a gente pode juntar uns dois, três parlamentares e com isso atender ter um anseio da comunidade que vai ser muito bom para todo mundo. [...] Os outros são pedidos um pouco mais elevados, e aí eu recomendei que fossem para a emenda de bancada.

Ele ainda detalhou as outras emendas entregues:

— Também tem duas emendas para a nossa universidade que totalizam na faixa de R$ 1.6 milhões, e mais R$ 1.8 milhões para a Base Aérea. Então, é isso que nós estamos entregando agora em Santa Maria.

Sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil

O senador foi questionado sobre as novas tarifas aplicadas pelo governo norte-americano ao aço brasileiro. Mourão demonstrou preocupação e avaliou que o Brasil precisa adotar outra postura mais firme nas relações exteriores:

— É importante que as pessoas compreendam que a relação internacional comercial, ela é uma relação de interdependência assimétrica. Então, tem gente que tem superávit, e tem gente que tem déficit. E o presidente Trump, quando assume, ele resolve que vai tentar dá um jeito de equalizar, né? Esses déficits que os Estados Unidos têm com vários países, entre eles a China, União Europeia. Então, ele passa a praticar essas tarifas. Começa para cima do México, do Canadá, todo mundo vai negociando com ele. No nosso caso, eu vejo que ele usa como biombo, né? A situação do presidente Bolsonaro, que é uma situação irregular, um processo que não cumpre aquilo que são as normas do devido processo legal, mas ele quer atingir os objetivos geopolíticos dele em cima do Brasil. Nós não temos, né, um superávit em relação aos americanos, muito pelo contrário, nós temos um déficit ao longo dos últimos 10 anos aí, vamos colocar assim. Mas algumas posições que foram assumidas pelo governo do presidente Lula, em termos de relações internacionais, são posições antagônicas aos interesses dos Estados Unidos. Então, eles estão vindo para cima da gente e usando essa manobra econômica. Para o Brasil é ruim, e o Brasil e o governo que representa o país tem que compreender, né? Que nós não somos nenhuma potência econômica, nem militar, nem tecnológica. Então, temos que negociar e apresentar alternativas como o apresentou, como o Canadá apresentou, como a União Europeia apresentou.

Anistia e responsabilizações pós-8 de janeiro

Ao comentar sobre os atos de 8 de janeiro e o debate sobre anistia, Mourão voltou a defender que haja uma diferenciação entre participantes e responsáveis diretos:

— Eu me posiciono muito claramente. Eu fui o primeiro a propor o projeto de anistia. Entrei com um projeto de anistia no final de 2023, tá parado lá na Comissão de Defesa da Democracia do Senado. Aí tem o outro projeto que tão discutindo lá na Câmara. Porque para mim, a partir do que eu vi, a forma como estavam sendo julgadas, as pessoas que se envolveram naquela baderna do dia 8 de janeiro, eu digo: ‘Pô, não tem uma solução para essas pessoas, né? Essas pessoas são um processo de anistia, a mesma coisa que ocorre, com o presidente Bolsonaro e o círculo mais próximo dele.’ Agora, é que eu deixo claro, é uma situação que nós, primeiro, temos que resolver.

"Não existe golpe de WhatsApp"

Ao ser questionado sobre uma tentativa de golpe, Mourão respondeu:

— Esse pseudo golpe nunca houve, né? O que houve são conversas de WhatsApp. Não existe golpe de WhatsApp. Mas hoje por qualquer conversa você pode ser condenado, né? Lamentavelmente a coisa funciona desse jeito. 

Eduardo Bolsonaro

O senador também comentou sobre a relação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) com os Estados Unidos e a pressão parte do dos aliados do ex-presidente Bolsonaro nos EUA:

— Olha, eu discordo disso aí, porque eu sempre critiquei a esquerda. A esquerda useira e vezeira, campeã de ir a fóruns internacionais para acusar o Brasil, acusar o próprio presidente Bolsonaro, eles foram na corte de Ásia acusar o presidente Bolsonaro de genocídio. Então a esquerda ela não tem autoridade moral nenhuma para criticar as atitudes do deputado Eduardo Bolsonaro. Mas, eu acho que nós de direita deveríamos nos comportar de outra maneira neste momento. Se nós nos unirmos, temos plenas condições de solucionar essa questão e evitar um mal maior que uma condenação do presidente Bolsonaro. 


Sobre Jair Bolsonaro e as eleições

Por fim, Mourão comentou a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu futuro político:

— Hoje o presidente tá inelegível, né? Não resta a dúvida que o presidente Bolsonaro é a maior liderança do nosso campo político, não tem como você chegar e negar isso. É negacionismo você dizer que ele não é essa liderança. Ele estando inelegível, ele passa a ser um eleitor chave.
Então, se prosseguir a situação, não conseguirmos aprovar a anistia, no ano que vem, teremos que nos unir em torno de um desses nomes que já tão surgindo, como o do Tarcísio de Freitas, que é do meu partido, como o Ronaldo Caiado, que é o governador de Goiás, o Ratinho, o Zema, que são nomes muito bons, provados em administração pública, gente capacitada que a gente precisa nesse momento no país, para dar um "cobre à linha no Brasil", de modo que a gente consiga retomar um caminho do desenvolvimento sustentável. Porque lamentavelmente o governo do presidente Lula, ele estuprou o orçamento. Entrou numa, numa espiral de déficit fiscal muito grande, uma gastança enorme, aumentou imposto de uma forma desmesurada e tá numa situação complicada. Quem vencer a eleição ano que vem e assumir em 2027 vai ter um governo de 4 anos de recuperação nacional. Essa é a realidade.


Eleições estaduais

Com o cenário das eleições estaduais de 2026 começando a se formar no Rio Grande do Sul, partidos ainda definem seus posicionamentos e alianças. Na entrevista, ele também comentou sobre a necessidade de união da direita no Estado e fez críticas à situação da infraestrutura e da economia gaúcha:

— O Republicanos ainda não bateu o martelo, né? Nós estamos aguardando. Em tese, os candidatos que estão se apresentando é o vice-governador, o Gabriel, né? Há o PP com Covatinho, o PL com o Zuco, né? Então, tem outros candidatos também falando. Então, o Republicanos vai aguardar, né Eu, particularmente, eu tenho um compromisso pessoal meu muito grande com o deputado Zucco, a quem auxilio nos primeiros passos dele na política. Julgo que nós também, da mesma forma como nós temos que fazer uma composição da direita em nível federal, nós vamos ter que fazer aqui no estado do Rio Grande do Sul. Não pode sair cada um para o seu lado, porque senão a gente pode entregar o poder a quem a gente não quer entregar. Então, ainda acho cedo, mas os candidatos estão colocados aí. O Estado também tem que buscar um reposicionamento, né? Em termos de desenvolvimento e economia. Nós aqui, a gente vai para Santa Catarina, Paraná, ali, a gente já vê uma diferença muito grande hoje em termos de, principalmente infraestrutura, né, senador? A nossa infraestrutura se deteriorou, né, daqui do Rio Grande do Sul, né?

— As nossas BRs aí, né, e com um tráfego muito intenso, BR-190, a BR-285. Enquanto Santa Catarina tem cinco portos, tá uma briga para conseguir fazer aquele porto de Arroio do Sal, que é uma solução para a metade norte do Estado, mas aí a turma de Rio Grande reclama, que não pode, que não sei o quê. Então, o pessoal tem que compreender que tem espaço para todo mundo, não é? Continuamos com o velho problema da metade sul do Estado que empobreceu em relação à metade norte, não é? Municípios ainda muito dependentes só da estrutura do agro. As pessoas se evadindo, perdemos população, não é? A prosperar o veto do presidente Lula em relação ao aumento de parlamentares, o Rio Grande do Sul perderá dois deputados federais. Nós vamos cair de 31 para 29, e isso tem reflexo na Assembleia Legislativa que também vai diminuir o tamanho, né? Então tudo isso, né, as pessoas têm que olhar, né? Acho que aqui a gente tem que botar mais criança no mundo, né? Não vou fazer nenhuma piada com o alemão aquele, né? Né? Mas no chat de revelação botar mais gente no mundo aqui para gente voltar, né? A ter uma massa de gente, de trabalho, força de trabalho, não é? Todo lugar que eu vou converso com as pessoas que empregam, não é? Reclamam que não tem mão de obra, carência de mão de obra, não é? A gente tem que trazer mão de obra de fora, então o Rio Grande tem que olhar muito para isso.


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